Parar Pensar e Planejar (PPP): Aprendi muito com isso !!!

PPP 

            Parar, Pensar e Planejar antes de tomar uma atitude, eis aí uma estratégia para se comportar corretamente em qualquer lugar, com qualquer pessoa e em qualquer situação, independentemente de quem toma essa atitude, afinal, todos podem ser inadequados ao não corresponder a expectativas ou ao fazer o que não deve em determinado ambiente.

Tratarei aqui de explicar o meu caso: Sofri um acidente de carro aos 12 anos e, com isso acabei por bater a cabeça e sofrer um Traumatismo Craniano Encefálico (TCE) que provocou hemiparesia (déficit parcial da capacidade de executar movimentos voluntários em metade do corpo) e alterações cognitivas, as quais dificultavam, e talvez ainda dificultem um pouco, comportamentos adequados. Eu falava o que me vinha na cabeça na hora que o pensamento vinha, contava piadas “idiotas” achando que iam ser boas, sem pensar se eram adequadas, queria sempre chamar atenção e, enfim, o fazia da maneira incorreta. Demorou um pouco para eu perceber o quão inadequado era. Com o tempo comecei a perceber o quão errado era o que fazia ou falava, porém, só depois que já havia feito ou falado o que não devia. Não conseguia me controlar, o pensamento vinha à cabeça e, como uma alavanca, era lançado para fora de minha boca, cheguei até a usar minha lesão como desculpa, mas, cá pra nós, não é muito divertido ser conhecido como “O lesado”.

Conheci a estratégia PPP na reabilitação neuropsicológica e pude exercitá-la melhor na terapia em grupo, onde conheci pessoas que, como eu, também tiveram LCA (lesão cerebral adquirida) e que não se comportavam da mesma maneira inadequada que eu. Essa estratégia se baseia em Parar na hora que vem o pensamento, Pensar se o que pensou se adéqua ao ambiente e ao grupo a sua volta, e Planejar a maneira correta de executar tal pensamento para se saber se deve ou não fazê-lo e como fazê-lo.

Não foi fácil executar o PPP, pois eu era muito impulsivo e Parar antes de agir não era muito comum para mim. Sendo assim, após tentar algumas vezes e falhar consecutivamente, resolvi encontrar um meio termo, me calei. Resolvi que ficar calado seria a melhor alternativa inicio, pois, se conseguisse ficar quieto, conseguiria mais tarde pensar antes de falar. O efeito para com os outros não foi nenhum. Estava calado e queria falar somente se falassem comigo, mas, não queriam falar comigo, pois já imaginavam que se iniciassem uma conversa comigo não iriam conseguir me parar, afinal, a primeira impressão é a que fica. Para mudar, não bastava não fazer nada, tinha que mudar a “primeira impressão” e, para isso, tinha que agir sempre da maneira correta Parando antes de agir, Pensando na ação correta a fazer e Planejando a maneira apropriada de agir.

O resultado não é instantâneo, as pessoas custam a acreditar no que vêm uma ou duas vezes, preferem acreditar no que viram antes, sendo assim, procuro não insistir, tento não me sentir livre demais, sempre há restrições, só faço piadas se outro na conversa já tiver feito alguma outra, pois assim sei se será bem vinda e, ainda assim devo pensar um pouco se não serei inadequado com meu comentário. Agora sei que não preciso ser engraçado 24 horas/dia, a seriedade, muitas vezes, pode ser mais agradável.

Com o tempo o PPP vai se tornando automático, passa a não ser necessário pensar que se deve parar, pensar e planejar, mas o melhor é estar sempre com o PPP em mente para não se esquecer de praticá-lo.

Obs. Para escrever esse texto também foi necessário utilizar o PPP.

Ass: Alex Covino Pinto